ATA DA NONA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 08-02-2006.

 


Aos oito dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Dr. Goulart, Ervino Besson, João Antonio Dib, José Ismael Heinen e Márcio Bins Ely, Titulares, e João Carlos Nedel, Mônica Leal, Manuela d’Ávila e Professor Garcia, Não-Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceu o Vereador Elias Vidal. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providência nos 120, 121, 122, 123, 124, 125, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 172, 173, 174, 175, 176 e 177/06 (Processos nos 0525, 0526, 0528, 0530, 0531, 0532, 0539, 0540, 0541, 0552, 0553, 0557, 0558, 0559, 0560, 0645, 0646, 0647, 0648, 0649 e 0650/06, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 130, 143, 336, 381, 1006, 1299, 1300, 1399, 1821, 1833, 1892, 2035, 2053, 2057, 2065, 2078, 2086, 2110, 2135, 2144, 2253, 2358, 2523, 2614, 2680, 2717, 4039, 4149, 6885, 7690, 8379, 8530, 8631, 8637, 8755, 9658 e 9691/06, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Na ocasião, o Senhor Presidente determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Sexta Reunião Ordinária e da Ata Declaratória da Sétima Reunião Ordinária, que deixaram de ser votadas, em face da inexistência de quórum deliberativo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell, citando notícia divulgada na imprensa, sobre a morte de uma criança de dois anos, vítima de maus tratos por parte de familiares, avaliou o trabalho dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre, afirmando que esses órgãos não atuam na plenitude de suas possibilidades e apresentam falhas no referente a recursos humanos e materiais. Ainda, lembrou ações empreendidas por Sua Excelência no combate à exploração sexual de menores no Município. O Vereador Ervino Besson teceu considerações quanto aos assaltos observados na Cidade, em especial os que envolvem a ação de infratores menores de idade, frisando que na maioria desses crimes ocorre a revenda posterior dos objetos roubados. Igualmente, asseverou que o combate à receptação é um instrumento eficaz para diminuir os índices de delinqüência juvenil, propugnando por mais fiscalização acerca a origem dos produtos vendidos no comércio de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Manuela d’Ávila relatou sua participação em eventos programados no Estado para assinalar o transcurso dos duzentos e cinqüenta anos da morte do índio Sepé Tiaraju. Também, procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, para doação à Biblioteca desta Casa, de publicações da Fundação de Desenvolvimento de Educação e Pesquisa da Região Celeiro e da Fundação Cultural Palmares, relativas à historia dos índios e negros no Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib analisou a função fiscalizadora do Poder Legislativo, salientando aspectos atinentes ao acompanhamento da execução orçamentária pelo Poder Executivo. Nesse sentido, classificou como excelente a gestão financeira do Prefeito José Fogaça no ano de dois mil e cinco, declarando que esse período se caracterizou pela busca da recuperação econômica e do equilíbrio entre a receita e a despesa do Município. O Vereador Dr. Goulart abordou casos de agressão a crianças verificados na Cidade, enfatizando a importância do trabalho preventivo nessa área, como meio de garantir maior segurança à população infanto-juvenil. Ainda, solicitou a constituição de Comissão Especial, para averiguar a atuação dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre no referente à morte de um menino, ocorrida no dia três de janeiro do corrente, em conseqüência de maus tratos, no Bairro Lomba do Pinheiro. O Vereador José Ismael Heinen reportou-se a declarações à imprensa, efetuadas ontem pelo Presidente Luiz  Inácio Lula da Silva, em que é anunciada a implantação no País de programa habitacional direcionado aos grupos mais carentes da população. Da mesma forma, mencionou o Projeto de Lei do Legislativo nº 268/05, de sua autoria, aprovado por esta Casa, que dispõe sobre o acesso de famílias de baixa renda ao processo de construção, reforma e ampliação de moradias. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adeli Sell discursou sobre problemas de segurança urbana constatados por Sua Excelência no Centro de Porto Alegre, apontando medidas que, segundo sua opinião, seriam benéficas para os freqüentadores da Praça Marechal Deodoro. Ainda, chamou a atenção para a atividade de punguistas, comerciantes irregulares e desmanches ilegais na Cidade, argumentando que a conjugação de políticas sociais com mais eficácia da polícia diminuiria essas atividades. O Vereador Ervino Besson rechaçou o assassinato pelos pais, no dia três de janeiro do corrente, de um menino de dois anos, no Bairro Lomba do Pinheiro, repudiando o uso de violência no processo de educação infantil e salientando a importância dos laços afetivos para o desenvolvimento de crianças. Também, avaliou positivamente os trabalhos desenvolvidos pela atual Comissão Representativa, elogiando a dedicação dos Senhores Vereadores para o bom andamento das Reuniões. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Professor Garcia descreveu os problemas enfrentados por proprietários de imóveis que não têm carta de habitação, posicionando-se favoravelmente a medidas que facilitem a adequação legal de construções em Porto Alegre. Também, defendeu a liberação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva para prática de esportes aos domingos, alegando que essa via é tradicionalmente usada pela população para a prática de ciclismo, corrida e caminhada. O Vereador Márcio Bins Ely acusou o recebimento de Ofício e abaixo-assinado de moradores dos Bairros Bom Fim e Independência, a respeito da preocupação da comunidade local sobre a inversão do sentido do trânsito de veículos na Rua Tomás Flores, analisando essas reivindicações. Em relação ao assunto, comentou reportagem publicada no jornal Zero Hora, no dia seis de fevereiro do corrente, que discutiu essa questão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib discursou acerca da necessidade de simplificação do processo de regularização de imóveis no Município, alegando que esse problema é antigo e deve ser resolvido pela Casa o mais brevemente possível. Ainda, defendeu estudos no sentido de se aprimorar o processo de escolha dos representantes dos Conselhos Tutelares em Porto Alegre. O Vereador José Ismael Heinen parabenizou o Senado Federal pela aprovação, ontem, de matéria relativa à tramitação e regulamentação de Medidas Provisórias, elogiando a iniciativa da criação desse Projeto, de autoria do Senador Antonio Carlos Magalhães. Nesse contexto, teceu considerações a respeito da importância do equilíbrio e harmonia entre os Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, justificando que essa matéria contribui para a consolidação da democracia no País. Às onze horas e nove minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dr. Goulart, Ervino Besson e José Ismael Heinen e secretariados pelo Vereador Márcio Bins Ely, como Secretário “ad hoc”. Do que eu Márcio Bins Ely, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Estão abertos os trabalhos da presente Reunião Ordinária.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente Dr. Goulart, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, cidadãos e cidadãs, obrigo-me a trazer aqui o tema do Conselho Tutelar. Eu fui instigado nesta semana a um debate e não posso me calar diante das coisas mentirosas que são colocadas sobre a questão do Conselho Tutelar em Porto Alegre. Em um debate de que participei, foi dito que um conselheiro ganha em torno de dois mil reais. Isso não é verdadeiro, todos sabem que um conselheiro ganha quase quatro mil reais.

Segundo: o Conselho Tutelar em Porto Alegre está inoperante há muito tempo - inoperante! Alguns conselheiros me procuraram e disseram, Ver. Dr. Goulart, que falta estrutura. Pois, se falta estrutura, por que isso não foi formalizado para a Casa do Povo, esta Casa, que pode cobrar e fiscalizar o Governo Municipal? Como eu posso me queixar para o Secretário de Governança, ao qual o Conselho Tutelar é vinculado, se eu não tenho os dados que faltam? É evidente que, pelo debate, faltam os dados.

Aqui na Rua Demétrio Ribeiro, à noite, os plantões contam com dois conselheiros para atender a uma população de um milhão e trezentos mil habitantes. Se houver uma ocorrência no Lami e outra no Rubem Berta, como nós vamos atender se só há um carro? E dizem eles que ainda por cima não funciona!

Lembro o caso Lucas, vítima da violência da família. Nós não podemos ficar sem uma posição clara este ano, tem de se abrir um forte debate sobre a atuação do Conselho Tutelar em Porto Alegre. E não estou fazendo julgamento de valor, diferentemente do que fazem alguns conselheiros.

Eu travei uma grande batalha contra a exploração sexual de meninas no Jardim Medianeira, que corresponde à Microrregião 5. O Conselho Tutelar nada fez, apenas a Promotoria e a Brigada Militar, apenas. Não bastasse não fazer nada, o Conselho Tutelar da Microrregião 5 preocupa-se em criticar o Ver. Adeli Sell na Grande Cruzeiro. O gosto deles é fazer campanha contra mim, mas cuidar de crianças, saber onde estão seus pais, como essas meninas que são exploradas sexualmente todas as noites na Rua Carlos Schneider esquina com a Av. Carlos Barbosa, meninas que provêm dessa região da Grande Cruzeiro... A respeito disso nada é feito! Eu consegui para, amanhã à noite, uma reunião sobre o caso da exploração sexual das meninas da Rua Nelson Zang, na Intercap. É o único caso que eu consegui, hoje, de concreto, de resposta do Conselho Tutelar.

A Corregedora disse que eu tinha de abrir processo na Corregedoria. Eu abri processo na Corregedoria em relação à gestão passada e não deu em nada. Não me preocupo e não vou mais fazer processos para empilhar papel! Eu me recuso! Eu quero soluções. Vejo que há um comportamento de enrolação há anos em Porto Alegre, há anos, um comportamento inadequado das instituições. O direito de ir e vir sempre é jogado na minha cara, mas eu quero saber, Verª Mônica, do direito de um menino de seis ou sete anos, no Largo Glênio Peres, “chapado”, cheirando loló. Em relação a esses meninos que circulam em torno da Câmara, cheirados de loló: qual o direito de ir e vir?

O direito que eles têm é de que alguém cumpra o dever de levá-los a um espaço de tratamento de Saúde Pública. E quem tem que fazer isso? Várias autoridades podem e devem fazer isso, e não fazem. Nós também somos omissos na medida em que começamos a fazer conciliações. Nós não conseguimos aprovar uma lei no sentido de que a prova fosse não-consultiva. Como fazer uma prova para o Conselho Tutelar em que o sujeito pode consultar o ECA? Que brincadeira é essa? Como podemos aceitar - e em 2006 nós aumentamos em um ano o Ensino Fundamental - que um Conselheiro Tutelar não tenha o 2° Grau completo? Como podemos aceitar isso? Estamos indo na contramão da história!

Quanto aos 40 Conselheiros Tutelares, vou propor que 16 deles, dois por cada microrregião, tenham nível superior nas áreas de pedagogia, psicopedagogia, psicologia e áreas afins, porque precisamos de profissionais competentes e não podemos deixar as crianças na mão de conselheiros que não têm a mínima capacidade, que são, muitas vezes, manipulados por Partidos políticos - sem exceção, diga-se de passagem - e por igrejas. Eu me rebelo contra isso, eu defendo as crianças de Porto Alegre. É por isso que eu falo e me rebelo. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver. Adeli Sell. O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos assistem pelo Canal 16 da TVCâmara, queria saudar a todos.

Os jornais de hoje mostram algo chocante. Eu fui criado no Interior, e o meio de transporte utilizado naquela época - assim como ocorre hoje também em algumas localidades do Interior do nosso Rio Grande - era o cavalo, animal pelo qual tínhamos um respeito extraordinário. A minha avó, que veio da Itália na época da Guerra, sempre nos ensinava, diariamente, como cuidar dos nossos animais, principalmente o cavalo. E o primeiro presente que ganhamos do nosso falecido pai - eu e o meu irmão mais velho - foi um cavalo para cada um. E isso representou muito na nossa história de família, na nossa história da adolescência, o presente que nós ganhamos. A forma como cuidávamos do cavalo, pelos trabalhos que ele nos prestava, era especial, pois ele era o meio de nos deslocarmos de um lugar ao outro. E os jornais de hoje demonstram este fato chocante: um adolescente roubou um cavalo para vendê-lo por 200 reais, agrediu o animal, inclusive furou um olho do animal. Parece que o cavalo teve que ser sacrificado.

Meus caros colegas Vereadores, por que esse adolescente, esse menor, roubou o animal? Porque um adulto usou esse menor, meu caro Presidente, para que ele roubasse o cavalo, dizendo que compraria o animal. Esse cidadão tem que ser preso e tem que sofrer também, não digo igual, mas algo parecido ao que o animal sofreu. Esse cidadão usou o menor para roubar o animal, e o menor agrediu covardemente o cavalo, chegando a furar um olho dele. E nós cansamos de ver aí nas ruas a forma como os carroceiros lidam com os cavalos, como agridem os animais.

Mas, graças a Deus, nós temos pessoas, entidades que fazem um belo trabalho, a própria Brigada Militar, os próprios “azuizinhos”, quando a gente denuncia - tem acontecido comigo, e tenho certeza de que com outros Vereadores também -, prontamente atendem à ocorrência. Portanto eu digo: o malefício da nossa sociedade é o receptador. Por que há, meu caro Ver. Adeli, essa grande quantidade de roubos? Porque existe o receptador. Esse é pior do que quem rouba; se não existisse o receptador, não existiria essa grande quantidade de roubo.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, está aqui o processo de receptação. (Mostra jornal.) Ou seja, um carrinheiro carregando o quê? Um transformador! Vai para onde? Para um desmanche ou ferro-velho. Aqui está a prova!

 

O SR. ERVINO BESSON: Pois aí é que está, Vereador: alguém vai comprar esse roubo. Há poucos dias, eu disse num pronunciamento nesta tribuna sobre a grande quantidade de residências no Litoral que são roubadas; o pessoal invade, arromba e leva tudo o que tem dentro da casa! Aconteceu com a minha casa e com a casa de outros colegas também, como o nosso segurança, aconteceu da mesma forma na casa dele e de outros tantos! Onde é que vai parar esse material? Existe o receptador. Esse pessoal não rouba para levar para as suas residências, porque nem tem condições, são tantas as coisas roubadas, que o receptador está aí para comprar.

O que se tem que fazer é uma grande fiscalização em cima do receptador. E, quando pegarem essas pessoas, devem jogá-las no fundo da cadeia. Eu tenho certeza de que esses roubos de automóveis, roubos em residências, arrombamentos, sem dúvida nenhuma, vão parar no dia em que esse pessoal for castigado, dentro da lei, mas de uma forma dura. Tenho certeza de que muitos desses roubos, desses arrombamentos - porque o pessoal deixa as famílias numa situação extremamente delicada - serão aliviados, não só na nossa Porto Alegre, mas no nosso Rio Grande, porque o roubo acontece em todos os lugares. Por quê? Porque existe o receptador. Existe o consumidor de droga porque existe o grande traficante, e esse pouco aparece. Quando os traficantes são presos, há cinco, dez advogados para defendê-los, meu caro Presidente. Mas aqueles que consomem, aquelas pessoas com menos condições financeiras, “pagam o pato” talvez; e o grande, esse sim, esse que compra, esse grande traficante, para ele as penas são mais leves, às vezes, do que para as pessoas que são usadas por eles. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Manuela d'Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores, no dia de ontem tive a honra, a satisfação de representar a nossa Câmara, em São Gabriel, na homenagem aos 250 anos da morte, ou da entrada para a eternidade, do nosso índio guerreiro Sepé Tiaraju. Nós que estivemos lá e pudemos ver a força e a lição, Ver. Ervino, que esse índio lutador, que não aceitava ser dominado, deixou para o povo gaúcho e para os lutadores, para aqueles que lutam pela liberdade.

A luta de Sepé - e isso estava presente em várias faixas, acho que deve ser um ensinamento, de fato, para todos, para cada um e cada uma de nós - nada mais foi do que a luta pela liberdade, porque a liberdade é tudo para os povos. Sepé lutava pela liberdade pela qual muitos de nós continuamos lutando hoje, para que os povos não sejam oprimidos pelos outros povos, para que a gente não precise ver tanta tristeza, tanta dominação, tanta maldade, como aquelas a que V. Exª mesmo se referiu. O Ver. Adeli também mencionou na sua fala as crianças e os adolescentes que são explorados sexualmente. E todas essas lutas, querido Ver. Dib, são lutas que Sepé pode ainda representar - o nosso herói gaúcho. Muitas vezes, quando vemos a fotografia do nosso Estado, nós nos esquecemos dos índios, que também compuseram o povo gaúcho, empenhando suas vidas para que este Estado fosse e seja o Estado que é. Essas lutas todas também são as lutas de Sepé.

Por isso digo que foi com uma grande emoção que pude estar, pela primeira vez na minha vida, no local onde tombou Sepé Tiaraju, há 250 anos, em São Gabriel, e pude ter a convicção de que a sua morte, a sua luta não foram em vão, porque muitos estavam lá: os índios, o MST, todos aqueles que lutam para que a terra não seja de poucos, para que possa estar, de fato, a serviço do homem, e não o oprimindo. Pude ter a convicção de que essa luta ainda vive.

Gostaria de citar um pequeno trecho de uma das poesias que foram recitadas em homenagem a Sepé Tiaraju, de Simões Lopes Neto, citada pelo nosso ex-Governador Olívio Dutra naquele ato (Lê.): “Eram armas de Castela/Que vinham do mar de além;/De Portugal também vinham,/Dizendo por nosso bem:/Mas quem faz gemer a terra.../Em nome da paz não vem!” E nós até hoje ouvimos repetidamente, quando os Estados Unidos promovem a guerra, que aquelas armas são para o bem daquele povo, mas as armas que fazem aquele povo ou os outros povos do mundo sofrerem a opressão jamais serão armas para o bem, jamais serão armas que libertam. A arma que liberta é a justiça social, como diria Carlos Drummond de Andrade.

Por isso, Vereador-Presidente, gostaria de ceder ao nosso acervo aqui da Câmara este livro, que foi produzido com o patrocínio da Fundep - Fundação de Desenvolvimento de Educação e Pesquisa da Região Celeiro -, do Governo Federal e da Eletrobrás, livro que conta um pouco da historia de Sepé Tiaraju, para que a nossa Câmara e todos os Vereadores possam ter contato.

Também gostaria de compartilhar com vocês de outro momento importante na reconstrução da história do povo gaúcho, que foi a edição da cartilha que conta a história do negro no Rio Grande do Sul, e a nossa Vice-Presidenta, ex-Presidenta Verª Margarete, esteve lá representando a Câmara de Vereadores. Eu não poderia deixar de dizer que o lançamento desta cartilha, que conta a história da participação e das lutas dos negros na construção do nosso Estado, foi um ato, além de importantíssimo do ponto de vista histórico, belíssimo do ponto de vista cultural e emocionante também, com a presença do nosso Ministro Gilberto Gil, do Presidente da Funarte, Antônio Grassi, que todos conhecemos. Quando afirmamos que em nosso Estado existe uma parcela significativa de negros que parece muitas vezes estar escondida ou estar apartada da sociedade que vemos, desse retrato do nosso Estado, nós nos esquecemos das tantas lutas, dos tantos momentos em que os negros foram, como continuam sendo, decisivos na construção, com o seu trabalho, com o seu suor, deste Estado maravilhoso em que vivemos.

Portanto, eu gostaria também de lhe entregar este exemplar da cartilha, que foi produzida pelo IPHAN, também pela Fundação Palmares e que será distribuída a 30 mil estudantes do nosso Estado como um símbolo dessa luta, para que todos - e não apenas alguns - possam conhecer a história dos negros e dos índios na luta pela construção deste Estado que temos. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

(Procede-se à entrega do livro e da cartilha ao Sr. Presidente.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Estas obras serão entregues ao nosso acervo. Queria agradecer à Verª Manuela, que é a nossa Patrícia Galvão, a nossa verdadeira Pagu. Muito obrigado. Agora, senhores, nós ouviremos a palavra do nosso querido Vereador e mestre João Dib.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu acho que sou discípulo de um Governador do Rio Grande do Sul, que, em 1830, dizia: “Chega de lei, as que existem são suficientes, bastam que sejam cumpridas”. Eu duvido que haja um fato social que não se enquadre numa lei. Então nós não precisamos de mais leis, nós precisamos de mais fiscalização ao cumprimento da lei. Eu tenho dito que o Vereador tem o seu grande momento na Lei de Diretrizes Orçamentárias, depois na votação do Orçamento e, eventualmente, nos Projetos relativos ao Plano Diretor - aliás, demora a vir a sua revisão para esta Casa. E vejo surgir todos os dias novas leis iguais a outras leis já existentes, ou semelhantes a outras leis, mas ninguém preocupado em cumpri-las.

Uma outra tarefa que o Vereador tem que exercer com muito cuidado é a fiscalização da execução orçamentária. Neste momento eu quero cumprimentar o Prefeito José Fogaça e o Secretário Cristiano Tatsch pela excelente execução orçamentária, pelo excelente desenvolvimento das contas da Prefeitura. Assim puderam diminuir a dívida encontrada e tornar mais real a Proposta Orçamentária para este ano de 2006.

Nas minhas contas, a Prefeitura tinha empenhado, até 31 de dezembro, 1 bilhão, 994 milhões e 852 mil reais e arrecadara, até aquele dia, 2 bilhões e 29 milhões de reais. É interessante notar que, no mês de janeiro de 2005, a Prefeitura começou pagando os 5 milhões de dólares devidos ao BID desde 2003. A dívida havia feito com que o crédito da Prefeitura junto às organizações internacionais fosse sustado. O Prefeito teve de ir a Washington para fazer novas tratativas, e a missão do BID que esteve em Porto Alegre elogiou a recuperação financeira da Prefeitura. Essa recuperação financeira, devo dizer, é muito importante quando nós vemos que o Orçamento de 2004 foi equilibrado com uma Receita de Capital da ordem de 251 milhões de reais. Como a Prefeitura estava saindo no ano de 2004, ela conseguiu arrecadar 251 milhões, 48 milhões e 600 mil reais e previa para o ano de 2005, então o Prefeito José Fogaça, uma arrecadação - Receita de Capital - de 291 milhões e só realizou 24,5 milhões, o que prova uma gestão financeira muito bem conduzida pelo Secretário da Fazenda, Cristiano Tatsch.

Vejam nas rubricas de IPTU, por exemplo. Havia uma previsão de 155 milhões, e a Prefeitura arrecadou 172 milhões; no ano anterior, para uma estimativa de 145 milhões, arrecadou-se 138 milhões. A previsão, para o ISSQN, era de 257 milhões; foram 278 milhões, quase 279 milhões, essa foi a arrecadação. No ano anterior também houve superávit de ISSQN, a estimativa era de 206 milhões, e foram 240 milhões arrecadados. Para o ITBI havia a previsão de 61 bilhões, 62 bilhões praticamente, e foi de 72 bilhões a arrecadação; no ano anterior, o cálculo era de 71 milhões, arrecadaram 64 milhões. O Fundo de Participação no Município, do qual todo o mundo reclama, aumentou também, a previsão era de 54 milhões, e entraram 72,5 milhões. Para o Fundef a estimativa era de 62 milhões, entraram 73 milhões. Em relação ao ICMS - e todo o mundo diz que o Estado vai muito mal, o Ver. Adeli Sell reclama bastante -, no ano passado, a previsão da Prefeitura, feita pelo Prefeito João Verle, era de 288 milhões, e foram arrecadados 319 milhões. O cálculo para o IPTU era de 81 milhões de reais, foram arrecadados quase 85 milhões. E para o SUS, esse sim, eram previstos 288 milhões, e arrecadaram 286 milhões. Esta é uma das coisas que eu ainda, um dia, tenho que aprender: como é que se faz esse cálculo do dinheiro do SUS. Porque hoje mesmo o espelho para nós distribuído traz uma série de verbas repassadas pelo Ministério da Saúde à Prefeitura Municipal, e eu até hoje não consegui entender. Um dia eu vou me sentar com o Secretário Cristiano Tatsch para que ele me explique como é que se contabiliza esse dinheiro. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver. Dib.

Eu peço que o Ver. Ismael Heinen me substitua temporariamente nesta Mesa, antes da sua manifestação, porque farei a minha manifestação, e logo após trocaremos de lugares.

 

(O Ver. José Ismael Heinen assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Ismael Heinen): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Srs. Vereadores; Verª Manuela, tão sensível; Ver. Adeli Sell, quero-me solidarizar com V. Exª e espero que não me traia a emoção.

Hoje, mal raiava o dia, eu fui ao quarto do meu filho que tem dois anos e três meses, ele se chama Vinícius, e dei-lhe um beijo. Lá estava ele, morno, rosado, bonito, abençoando o caminho do pai, que saía para o trabalho mal raiava o dia, por outras atenções que tenho antes de vir a este plenário. Inconformava-me, durante o caminho, Ver. Adeli Sell, por saber que outro menino dessa mesma idade estava frio nas covas de um cemitério de Porto Alegre, um menino chamado Lucas - também um filho meu tem esse nome. Como não me identificar com tudo isso, Ver. Besson? E o que espanta? Está frio, está deteriorando-se o corpo de um anjo, de um menino que era o futuro da nossa Pátria, arrebentado pelo seu pai e pela sua mãe! Arrebentado por dois loucos, por dois doentes - não são bandidos, é doente quem bate no próprio filho, quem perfura o fígado do filho até sangrar e morrer! Quem perfura o rim de um filho não seria digno de estar entre nós, os vivos! Mas seremos nós juízes dos nossos próprios semelhantes? Talvez não.

Eu sou um homem talhado no trabalho pela prevenção, Ver. Besson, e eu pergunto: isso precisava ter acontecido, Ver. Adeli Sell? Por que é que existe o Conselho Tutelar? Nós sabemos que aquele pai bandido, louco, agressor vinha batendo nessa criança há muito tempo e dizia: “Bato porque não sei se é meu filho”. Onde está a autoridade? E nós, dormindo descansados, depois de votar leis, depois de votar em conselhos tutelares! Nós, dormindo, pensando que a Cidade está guardada! Nós dormindo e pensando que as pessoas estão cuidadas, já que a Brigada faz tanto, mas não consegue resolver tudo. Como é que o Conselho daquela região não sabia que isso iria terminar assim? Esses verdadeiros monstros estavam agindo há muito tempo.

Então, eu conclamo os Vereadores: a Câmara não pode ficar parada. Nós temos de saber o que estava acontecendo! Nós temos de chamar o Conselho Tutelar, nós temos de fazer uma comissão externa para estudar isso, Ver. Dib! Não podem morrer outros Lucas! Não podem morrer outras crianças, anjos que não podem se defender. Porque os assassinos, bandidos, doentes, loucos se anunciam bem antes. O Conselho Tutelar vai ter que nos explicar o que está acontecendo. Desculpem por minha emoção.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Goulart, sem dúvida nenhuma, até por sua profissão, V. Exª está emocionado. Centenas e centenas de inocentes passaram pelas suas mãos, por sua profissão, como médico. E seus colegas, Vereador, no Hospital de Clínicas... Está aqui estampado na capa do jornal Zero Hora (Mostra jornal.): dois inocentes foram separados e salvos pelas mãos santas dos médicos, como V. Exª faz diariamente. E V. Exª prestou o juramento de cumprir com dignidade a sua profissão. Os Conselheiros Tutelares prestaram um juramento, quando assumiram suas funções, e eles têm que ter consciência disso. Será que eles estão cumprindo com aquilo que eles juraram e prometeram? Sou grato a Vossa Excelência.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado.

Já que não podemos prevenir todo o mal que assola este mundo, toda essa desgraça que assola a relação entre os homens, nós nos obrigaremos, pelo menos, a tentar um pouquinho em relação à prevenção. E essa prevenção tinha endereço, e tinha cuidado para essa prevenção. Não podem morrer crianças maltratadas pela sua gente. Muito obrigado, Srs. Vereadores. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Dr. Goulart reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em Comunicações, após falará o Ver. Adeli Sell.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Sr. Presidente desta Casa, Ver. Dr. Goulart; nobres colegas Vereadores, baluartes do recesso nacional: nós estamos aqui, como ontem estivemos também numa convocação extraordinária, dando conta do recado das nossas obrigações de Parlamentares, enquanto que, nos Parlamentos do Brasil, a gente vê coisas bem diferentes das que nós exercitamos.

Sr. Presidente, quero me congratular com a sua oratória - sentimental e autêntica - em defesa dos indefesos, dos futuros brasileiros da nossa Nação. Cumprimento-o pela brilhante manifestação.

Quero falar, Ver. João Antonio Dib, sobre duas notícias publicadas no dia de ontem que me deixaram, particularmente, um pouco mais satisfeito, ou um pouco menos triste. Uma delas é que o Presidente da República anunciou - da maneira dele, infelizmente - um programa habitacional destinado principalmente para a camada dos menos favorecidos. Nós temos, adiantando-nos a esse pacote de S. Exª, o Presidente da República, um Projeto de Lei aprovado no dia 19 de janeiro pelo Sr. Prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, encaminhado por este Vereador, em que procuramos antever o que os jornais nos dizem hoje: “Rio Grande do Sul com 1,5 milhão de déficit habitacional”. E isso pode ter muito a ver com o que aconteceu com o nosso Lucas; de repente, com a falta de auto-estima do povo brasileiro, de auto-estima do chefe de família em relação a ter o direito de aquisição da sua casa própria.

É um Projeto que hoje é lei em Porto Alegre, e, de minha parte, terei uma vontade política forte para que a nossa comunidade, os nossos munícipes sejam aquinhoados, a partir da vontade política da nossa Prefeitura, da nossa Administração Pública, com a execução desse Projeto da habitação plausível para aqueles que ganham até três salários mínimos, Presidente. E eu tenho falado - e muitos não entendem - que essa casa própria pode começar para aquele que ganha também apenas um salário mínimo. E o Presidente da República, primeiro, aumentou, aumentou os impostos e, agora, em época de eleições, eleitoreiramente, baixa o IPI e alguns impostos, dando um impacto de 3% no final, mas tudo isso ajuda. Eu acho que nós deveríamos ter eleições todos os anos no Brasil, daí talvez as políticas públicas dos governantes fossem ao menos mais autênticas e eles tivessem vontade de realizá-las.

Sinto-me feliz por ter antevisto, em Porto Alegre, a necessidade de investirmos na casa própria, investirmos de forma honesta, de forma idealista, buscando esse aquinhoado para os que mais precisam. Imaginem os senhores, hoje, um trabalhador que recebe um salário mínimo - o que a nossa Administração já antevia há um ano, o Prefeito, no Plano Plurianual, destinou trinta e três milhões para a infra-estrutura -, ele vai e, juntamente com mais dezenove trabalhadores, forma uma cooperativa habitacional. Vai ao DEMHAB e escolhe o projeto, simples, mas autêntico, da sua casa própria, sem precisar gastar nada. É a casa dos seus sonhos, como eu costumo dizer àqueles que me abordam. Eu até hoje não tenho a casa dos meus sonhos, quando a gente começou a namorar, já fazendo um projeto futuro, sonhávamos também com a nossa casa própria. Lá esse trabalhador poderá escolher a planta de como acha que deva ser a casa dos seus sonhos, com três quartos, dois banheiros, uma suíte - por que não? -, um estacionamento para dois automóveis e, lá no final, de repente, um espaço reservado para a sua piscinazinha. Tendo ele o projeto embaixo do braço, a Prefeitura fornece a infra-estrutura, há verba prevista para as cooperativas habitacionais de baixa renda. Enquanto isso ele poderá buscar um empréstimo para o início da obra dos seus sonhos, ou com a Caixa Econômica Federal, ou com qualquer banco.

Esse projeto da casa dos seus sonhos tem duas etapas: o embrião, o necessário, para que possa morar, poderá ser uma cozinha, um banheiro, um quarto, e o empréstimo subsidiado, hoje, pela Caixa Econômica Federal. A nossa Prefeitura, o nosso Prefeito vai-lhe dar o habite-se só com aquele embrião, e ele estará morando, não estará pagando aluguel e, com o tempo, vai desenvolver aquela sua planta, que tem registrada em casa, guardada no seu coração, ele terá auto-estima, com certeza. E terão ideais todos aqueles meninozinhos que haverão de crescer e nascer com o mesmo sonho de completar a casa dos sonhos dos seus pais. Vejam os senhores o quanto é importante esse Projeto para que nós devolvamos a auto-estima a este povo tão necessitado.

Presidente, o meu tempo esgotou, eu poderia falar muito, mas sinto-me confortavelmente parabenizado. Apenas necessitamos da vontade política, para concretizar esses programas habitacionais, para evitar, Srs. Vereadores, a formação de favelas como no Rio de Janeiro e São Paulo, onde o homem de bem e o homem que lá não mora não entram. Vamos evitar que Porto Alegre chegue a isso, vamos exercitar a política pública habitacional, porque temos os mecanismos e os projetos em nossas mãos, basta apenas a vontade de fazer. Obrigado. Desculpe-me pela passagem do tempo.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver. Ismael.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, já havia mostrado, na intervenção do Ver. Ervino, a foto de um roubo feito num espaço público da Prefeitura pertencente ao DMAE.

Pego o jornal de hoje e vejo que a coluna policial não tem mudado muito. Pelo contrário, aqui, mais uma vez, há cenas de punguistas agindo livremente no Centro da Cidade, aqui no Viaduto da Conceição, inclusive onde um estudante de engenharia foi assassinado dias atrás.

Eu havia chamado a atenção da Brigada Militar, enviei um documento ao Secretário Kevin Krieger e a outros órgãos da municipalidade mostrando que o Viaduto da Conceição está na mão da bandidagem, tomado por punguistas, ladrões, sujeira, moradores de rua, que acabam construindo embaixo do viaduto, e um conjunto muito grande de pessoas drogadizadas. E a situação ao invés de melhorar tem piorado sistematicamente.

Hoje leio que algumas ações foram tomadas em relação à Praça da Matriz. Espero que sejam efetivas, mas quero criticar aqui, porque o Governo teima em não ouvir, em não discutir e participar com as comunidades. Eu havia dito que a comunidade da Catedral - os moradores do entorno - gostaria de participar, junto com a Prefeitura e outros órgãos públicos, da solução para o problema da Praça da Matriz, inclusive com processo educativo, no sentido de que as pessoas não doem alimentos ali, como doam também alimentos em outros lugares, em vez de doar para a FASC, para as entidades filantrópicas, para que as pessoas possam ser deslocadas das ruas para essas instituições.

Quanto à questão da violência, é porque esse espaço tem problemas de escuridão, de sujeira, de vendedores ambulantes irregulares e ilegais. Aumentou drasticamente o número de vendedores que atrolham o entorno dos ônibus no Viaduto da Conceição e no entorno do Mercado Público. As pessoas não conseguem circular, por isso é fácil o punguista agir. Na Rodoviária, eu passei no sábado e fotografei: quatro bandejas de óculos solares, óculos para os quais o Sindilojas está fazendo a campanha “Não Tape o Sol com a Peneira”, porque não tem proteção UV, ultravioleta, portanto trazem um grande prejuízo para as pessoas. Nós temos de agir contra esse tipo de coisa que está acontecendo na Cidade. Nós precisamos, sim, resolver, o problema de exclusão social, por exemplo, com as políticas habitacionais mencionadas pelo Ver. Ismael. Nós precisamos fazer formação de mão-de-obra; nós precisamos apostar no consórcio da juventude, agora o Pró-Jovem, programa do Governo Federal, está sendo implementado em várias cidades, inclusive em Porto Alegre. Nós queremos que o Secretário da Juventude Mauro Zacher venha aqui para nos dar um relato do Pró-Jovem em Porto Alegre, porque é verba do Governo Federal articulada com a Prefeitura de Porto Alegre. Nós queremos saber dos resultados.

Eu trago aqui, Ver. Dib, um conjunto de problemas, aponto algumas soluções, não todas. Para o Conselho Tutelar, falei anteriormente, estamos encaminhando uma mudança no Projeto de Lei. Nós também, como Vereadores, temos o direito e o dever de cobrar soluções das autoridades. Essa questão do DMAE é um problema de falta de segurança e de cuidado do DMAE. Então, tem de ter segurança ou mudar esse espaço. Agora, existe roubo como esse porque há desmanches, há o receptador. Se não houvesse o receptador, não haveria o ladrão - já foi dito aqui, e repito. Agradeço.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham pelo Canal 16 da TVCâmara, saúdo a todos, especialmente o meu colega Ver. Márcio Bins Ely.

Quando o nosso querido Presidente usa esta tribuna e faz um pronunciamento extremamente emocionante, ele demonstra a história do Trabalhismo neste País, e, sem dúvida nenhuma, continuará representando o que o Partido faz por nossas crianças. O Ver. Dr. Goulart é médico, centenas e centenas de crianças passaram pelas suas mãos, ele está preparado para salvar vidas. Há fotos dos seus colegas profissionais, Presidente, na capa dos jornais, principalmente no jornal Zero Hora; fotos daqueles médicos do Hospital de Clínicas que salvaram a vida de duas meninas, separando-as. Está aí a felicidade, o sorriso delas e a felicidade da mãe.

Agora eu quero que vocês, queridas mães, que estão aqui neste plenário, muitas da nossa Taquigrafia, acompanhem o meu raciocínio. Eu tenho um neto com a idade do filho do nosso Presidente Dr. Goulart: dois anos. Meu caro colega Ver. João Antonio Dib, o meu neto parece que herdou a história do avô, ele é apaixonado por cavalos. Quer dar-lhe um presente? Dê a ele um cavalinho de brinquedo, será a felicidade dele - dorme agarrado no cavalo. Parece que herdou aquilo que representou a minha história, o animal como meio de transporte, e até como fomos criados no Interior, porque lá não havia outro meio de transporte que não fosse o cavalo. Parece que herdou aquilo, parece que o dom divino baixa nas pessoas e consegue mostrar o passado; a gente nunca esquece.

Minhas queridas mães e pais, consegue-se agradar uma criança, como já disse, com um cavalinho, consegue-se agradar uma criança com uma balinha de dez centavos, amenizando o seu choro. Agora, um pai ou uma mãe que bate numa criança até ela falecer, uma criança de dois anos e pouco... Qual é a defesa dessa criança, desse inocente? É o choro. Chorar. Não há outra forma de pedir clemência, de pedir que alguém o acuda. É o choro. E, com covardia, pai e mãe abafam o choro com pontapés, com surras...! Enfim, como aconteceu com essa criança. É doloroso. É muito doloroso! Existe crime mais bárbaro do que esse? Um inocente que não tem defesa. Se não é o choro, e ser amordaçado, sofrer pauladas, pontapés...! Meu querido juiz ou juíza, promotores ou advogados que vão assumir essa causa, olhem e pensem: uma criança de dois anos e pouco ser morta por uma covardia dessas? Vamos dar a dura pena da lei. A dura pena! Merecem um outro tratamento?

Se não me falha a memória, hoje é a penúltima Sessão da Representativa, na próxima semana vai se dar início às Sessões normais nesta Casa, e poucas Sessões não deram quórum. É bom que a população saiba. Os Vereadores trabalham sim, praticamente todos os dias houve quórum na Câmara; como já disse, nunca deixamos de atender alguém. Mas hoje é um dia que vai ficar marcado nos Anais, pela nossa Taquigrafia, que está aí trabalhando. É uma Sessão que ficará marcada na história, pelos pronunciamentos, por tudo o que aconteceu no dia de hoje neste plenário.

Encerro este meu pronunciamento depois de ouvir principalmente o pronunciamento do nosso querido Presidente, Ver. Dr. Goulart; como já disse, um homem preparado, até pela forma do seu pronunciamento. Fica aqui este registro, e que Deus nunca o abandone para que ele continue, ao longo de sua vida e de sua história, salvando vidas, principalmente a vida dos inocentes. Hoje pela manhã, V. Exª foi dar um beijo no seu filho, e dessa mesma forma trata os filhos dos casais que passam e continuarão pelas suas mãos passando. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezados Presidente, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, quero trazer à pauta duas discussões para a nossa reflexão. A primeira é relativa a um problema crônico na cidade de Porto Alegre - e o Prefeito já disse que é sensível a essa temática que o Ver. João Antonio Dib tem colocado também aqui na Casa -, que é a regularização de milhares e milhares de casas em Porto Alegre que até hoje não possuem habite-se. Eu quero dizer que não estou propondo regularizar algo que não tem as mínimas condições, mas sabemos de inúmeros casos em que algumas residências estão simplesmente na cerca divisória de 4 metros, questão de 5 ou 10 centímetros, e que tiveram problemas... É uma questão de lindeiro, problema de registro de imóveis. Na realidade são situações em que os proprietários, durante muitos e muitos anos, têm os seus imóveis, mas não conseguem legalizá-los de forma concreta junto à Prefeitura. Cada vez que um desses imóveis vai ser vendido, criam-se vários problemas. O primeiro deles: se não tem habite-se, em relação a esse imóvel não há a mínima condição legal de financiamento para a aquisição da casa própria, porque nenhum banco opera dessa forma, sem que esteja totalmente legalizado por intermédio do habite-se. Então, o que nós entendemos é que essa possibilidade que o próprio Prefeito já acenou, não de uma liberação total, mas de ver as situações caso a caso, nós poderemos...

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Professor Garcia, que bom que nós temos mais um Vereador parceiro. Eu acho que todos nós, os 36 Vereadores e Vereadoras, temos esse desafio pela frente. E, sem dúvida, V. Exª está tocando num ponto crucial para a nossa Porto Alegre. Nós vamos trabalhar em cima disso, vamos fazer uma parceria com o Prefeito para que se resolva isso, porque está criando sérios problemas a muitas famílias da nossa Cidade. Sou grato a Vossa Excelência.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Obrigado, Vereador.

E volto a dizer: nós queremos é regularizar situações dentro das possibilidades. Não queremos aquela questão clandestina, irregular. Hoje nós temos visto - V. Exª é morador da Zona Sul e sabe - que, cada vez mais, estão proliferando obras clandestinas na Zona Sul, na cidade de Porto Alegre, obras que não têm as mínimas condições de serem realizadas, mas estão saindo. Então nós queremos uma fiscalização mais efetiva por parte do Poder Público, para tentar eliminar essas situações no seu nascedouro, porque, depois de a obra estar pronta, fica tudo mais difícil. Agora, nós temos que chegar, de forma racional, a um entendimento, para contemplar essas milhares de pessoas que têm a sua casa, mas que não conseguem o seu habite-se.

Outro assunto que eu quero trazer em pauta é a questão do esporte. E nós vamos discuti-lo inúmeras vezes, porque é um assunto não-acabado; os Vereadores, as Vereadoras e aqueles que nos assistem em casa sabem que é um assunto do qual eu sempre tenho falado. Fiquei surpreso com a decisão do Secretário Municipal de Transportes. A EPTC resolveu liberar a Av. Beira-Rio, não permitindo que os ciclistas aos domingos, que era fechado, utilizem aquele lugar para recreação e para treinamento esportivo também. A liberação da Av. Beira-Rio foi uma conquista há anos da população de Porto Alegre. Lembro-me de que, em 2000 ou em 1999, eu mesmo me envolvi, juntamente com outros Vereadores da Casa, na questão de liberar para as quintas-feiras à noite, a partir da 23h. Conseguimos, mas depois não houve uma fiscalização mais efetiva, e deixou-se de lado.

Agora, o que nós entendemos... E temos recebido muitas reclamações, isso começou a viger a partir desse domingo. Nós vamos agendar uma reunião com o Secretário Senna para tentar resolver esse problema, porque esse espaço, no nosso entendimento, já é um espaço consagrado da população de Porto Alegre para sua prática de lazer e recreação. Há questão de vinte dias, numa iniciativa nossa desde a mudança, a 3ª Perimetral, aos domingos, foi liberada para o lazer e a recreação, ou seja, para um encontro da população.

Portanto, Sr. Presidente, queremos agradecer e promover essa discussão dentro dessas duas temáticas: a regularização do habite-se dos diversos imóveis de Porto Alegre e a volta da liberação da Av. Beira-Rio, a fim de que os ciclistas possam, aos domingos, usar aquela área para a sua prática desportiva. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; na pessoa de V. Exª quero cumprimentar os demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, público que nos assiste pela TVCâmara e nas galerias.

Sr. Presidente, antes de iniciar o tema que vou abordar desta tribuna, gostaria de mencionar que realmente esta Reunião nos comoveu muito no que diz respeito ao assassinato cruel dessa criança de dois anos. Eu sou pai de uma menina de seis anos, e nós sabemos da irresponsabilidade desses atos; muito nos chocam essas notícias. É importante e oportuno o registro de V. Exª e dos demais Vereadores a respeito desse tema, que as medidas cabíveis sejam tomadas.

Mas venho à tribuna, Sr. Presidente, porque recebi um ofício da comunidade dos bairros Bom Fim e Independência, datado de 4 de fevereiro, contendo um abaixo-assinado, no qual constam 478 assinaturas. O ofício, fundamentalmente, diz respeito a uma preocupação dos moradores da Rua Tomás Flores e adjacências com relação à inversão do sentido dessa rua, tendo em vista as obras na Rua Irmão José Otão - que é a continuação da Rua Vasco da Gama -, em função daquela redução da subida da rua atrás do Colégio Rosário, no final da Rua Irmão José Otão. Faço questão de proceder à leitura desse manifesto, que versa sobre o seguinte (Lê.): ”Manifesto para que seja efetivamente provisória a alteração do fluxo de veículos na Rua Tomás Flores, entre as Avenidas Independência e Irmão José Otão. As pessoas que moram, trabalham e vivem na Rua Tomás Flores vêm reiterar ao Poder Público solicitação veemente de manter o fluxo de veículos descendo a Rua Tomás Flores, o qual já foi analisado pela SMT em 1992, depois em 1996 e, por fim, em 2003, que, sempre após análise e consultas à comunidade, concluiu que o tráfego deveria continuar descendo a Rua Tomás Flores.

“Podemos compreender e aceitar a alteração, desde que seja provisória, permanecendo até o término da obra na Rua Irmão José Otão, atrás do Colégio Rosário, previsto para o final do mês de fevereiro de 2006.

“Assim, solicitamos que, logo após o término da referida obra, a SMT tome as providências para que o tráfego de veículos volte a descer à Rua Tomás Flores, voltando a normalidade e paz para seus moradores e transeuntes.”

Quero destacar aqui, Srs. Vereadores, Ver. Ervino Besson, um anúncio do jornal Zero Hora datado de 6 de fevereiro que fez menção ao tema. Esse importante veículo de comunicação transcreve que a mudança será mantida até o dia 28 de fevereiro, quando devem terminar as obras. Entretanto, a população, fundamentalmente os moradores da Rua Tomás Flores, está apreensiva, porque as mudanças que imprimiu a EPTC para que o sentido da rua fosse modificado foram bastante, digamos assim, contundentes. E, quando o Poder Público instala sinaleiras, troca as placas do sentido da rua, os moradores se preocupam, porque, na realidade, às vezes aquilo que é provisório se transforma em permanente.

Então, quero dizer que, realmente, nós conhecemos a região em função da obra; a rua que dá retorno à Av. Independência, que é a Rua Sarmento Leite, está sem acesso. E se faz, realmente, necessária uma alternativa, e essa alternativa pode ser, provisoriamente, a Rua Tomás Flores. Mas quero dizer que a Rua Tomás Flores é uma lomba muito acentuada, e fundamentalmente o problema maior é o barulho dos carros e a velocidade que eles têm que pegar para subir a lomba, e, quando parados, há o problema da poluição e das descargas provenientes desses veículos, também pelo fato de que o fluxo aumenta muito. A partir do momento em que a única rua que ainda oportuniza a subida é a Rua Santo Antônio - logo após nós vamos ter as ruas Garibaldi, Tomás Flores e Barros Cassal -, muitos veículos vão se utilizar dessa via para subir em direção à Av. Independência, porque não está havendo acesso pela Rua Sarmento Leite. Mas quero ressaltar que, quando concluída a obra e novamente o acesso for permitido à Rua Sarmento Leite, não se faz mais necessário que a Rua Tomás Flores suba, até porque essa rua não cruza a Av. Independência. E quero dizer também que a Rua Irmão José Otão, que é a continuação da Rua Vasco da Gama, tem acesso à Av. Independência através da Rua Felipe Camarão, da Rua João Telles, da Rua Santo Antônio, da Rua Sarmento Leite e da própria Av. Ramiro Barcellos.

Eu quero trazer essa preocupação e venho me manifestar nesta tribuna. Quando um número expressivo de moradores da região - 478 moradores - se organiza, manifesta-se através de um abaixo-assinado, trazendo-nos também um histórico, mostrando que a comunidade daquela região já teve que se organizar e se manifestar em 1992, 1996 e 2003, em função de algumas iniciativas do Poder Público em sugerir essa modificação do fluxo da rua, acho importante ressaltarmos a questão de que essa alteração seja provisória, seja um mal necessário momentâneo e de que, ao término da obra, a Secretaria Municipal dos Transportes possa devolver à comunidade a tranqüilidade que ela está requerendo por meio destes documentos e deste Vereador, que se manifesta desta tribuna, provocado por um número expressivo de porto-alegrenses que estão preocupados com essa questão. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado, Vereador.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu sempre afirmei que é preciso conviver para conhecer, conhecer para compreender e compreender para respeitar.

Em 1978, quando cheguei na Secretaria Municipal de Obras e Viação, havia um Projeto de Lei de regularização de imóveis, de origem legislativa. E eu fiquei contrariado, honestamente confesso que não gostei da idéia. Mas esse Projeto de Lei tinha validade por noventa dias. Convivendo com o problema, conhecendo o problema, passei a respeitar o Projeto de Lei com muita tranqüilidade e, quando venceram os noventa dias, pedi que o Projeto fosse prorrogado. Porque a Cidade tem realmente muitos problemas em matéria de construção. O Código de Edificações foi modificado, o profissional é responsável pelos erros que possam ocorrer, mas, ainda assim, não resolve o problema daquela pessoa que tem sua casa, que precisa do habite-se e, como foi colocado, quer fazer um financiamento e não consegue, porque não tem habite-se.

Em 1999, eu apresentei um Projeto simplificando o processo de regularização. Todos os anos - todos os anos -, ao término do ano, ele foi colocado na Ordem do Dia para ser votado, mas sempre acontecia alguma coisa, e não votavam. Nesse último ano, o Executivo me informou que, fazendo dois Decretos, estaria resolvido o problema. Eu não conhecia os Decretos, mas também não podia duvidar do Executivo. Quando fui olhar os Decretos, vi que não resolviam o problema.

Então eu acho que, neste ano, a Casa tem que dar solução para esse problema, que é sério. A sua resolução vai trazer benefício para o contribuinte e benefício para a municipalidade através do IPTU. Por outro lado, não significa aprovar qualquer projeto que esteja irregular e que contraria frontalmente o Plano Diretor, isso não vai acontecer. E espero que não aconteça o que ocorreu quando da Lei Complementar nº 138, que foi a segunda lei de regularização na Administração Alceu Collares: a Prefeitura do Sr. Tarso Genro, em 1993 - quando a lei já na valia mais, porque ela valia por 180 dias, portanto, como foi em 1988, ela não valia mais -, deixou construir no passeio público e deu o habite-se. Isso não é o que se quer. Então eu acho que neste ano, logo nos primeiros dias da nossa Sessão Legislativa normal, precisa ser colocado na Ordem do Dia para ser votado o Projeto de Lei, ou o Substitutivo também apresentado por mim, que repete a lei de 1988. Se acharem mais fácil, tudo bem. O Projeto foi examinado, discutido e bastante cuidado.

Quanto ao Projeto do Ver. José Ismael Heinen, eu acho excelente que se procure dar facilidade para a construção. Quando também estive na SMOV, eu tentei... O CREA de São Paulo autorizava as pessoas a construir os seus prédios até 50 metros quadrados sem a responsabilidade técnica do engenheiro, desde que não houvesse mais um pavimento. O CREA do Rio Grande do Sul não permitiu isso, nós chegamos a fazer projetos de 37 metros quadrados, até 50 metros quadrados, para fornecer, mas o CREA não permitiu que fosse feito; não sei como vai ser feito agora.

Também estranhei que no Decreto a lei seja assinada pelo Secretário do Planejamento e o Prefeito, e não pelo Secretário de Obras e Viação e o Prefeito. Deve ter havido profundas alterações, porque a fiscalização das obras é da SMOV - não sei se mudaram tudo lá na Prefeitura.

Agora, há pouco tempo, no final do ano passado, eu participei de um debate na Rádio Guaíba, no programa do Armando Burd, e o ex-Deputado Marcos Rolim colocou um problema para debate que eu acho que precisa ser examinado por esta Casa. Eu já havia conversado com a Verª Maria Celeste, que, no meu entendimento, entende muito do Conselho da Criança e do Adolescente, para que examinássemos a idéia do ex-Deputado. Ele acha - e na Mesa, na oportunidade, isso foi aceito - que não deveria haver eleição para Conselheiro Tutelar, e sim indicações, por parte da coletividade, de pessoas que realmente entendem do assunto, que se dedicam, que não tivessem apenas a preocupação de ganhar um salário ou, depois, fazer desse cargo um degrau para se candidatar a Vereador. Não aconteceria, talvez se os Conselheiros fossem indicados pela coletividade, o que ocorreu com essa criança de dois anos, porque, conforme nós lemos, o Conselho foi alertado de que a criança era maltratada pelo pai. Então, nós talvez tenhamos, no início das nossas atividades, de também pensar, numa das Comissões competentes, talvez a Comissão de Saúde, ou a Comissão de Direito do Consumidor, não sei, no sentido de decidirmos se vamos manter a eleição dos Conselhos Tutelares ou se talvez venhamos a fazer uma modificação na lei, uma vez que a primeira lei sobre Conselhos Tutelares foi feita aqui em Porto Alegre - em todo o Brasil essa foi a primeira. Portanto, eu acho que nós precisamos fazer uma série de exames no sentido de melhorar a vida desta Cidade. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Vereador. Vossa Excelência tem o meu apoio nessa idéia de que alguma coisa temos que fazer, porque a situação é preventiva - eu estou me referindo aos Conselhos Tutelares.

O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Obrigado, Exmo Presidente, caros colegas. Com relação ao tema que eu vou abordar agora, sempre é dito que ele tem muito a ver com a Bancada do PFL, mas, antes de entrar no mérito do que eu quero abordar, gostaria de agradecer o carinho de todos os Vereadores com quem tenho falado, para os quais tenho mostrado esse Projeto. Aliás, não é Projeto, é lei. Eu acredito que nós possamos sensibilizar o CREA, nobre Ver. Antonio Dib, porque o Projeto é para a população de baixa renda. Esse Projeto que o Presidente anunciou é para quem ganha até cinco salários mínimos. O nosso Projeto é para quem ganha até três. Por que exigir a cobrança de plantas sofisticadas para aquele que ganha um salário mínimo? Eu tenho certeza de que, com sensibilidade e vontade política, com a união da Câmara e do Governo, nós haveremos de transpor esses pequenos obstáculos.

O que eu quero colocar é que, ontem, acompanhando a programação do Senado, uma notícia me deixou um pouco menos triste, um pouco mais feliz, ela faz referência às Medidas Provisórias. Eu até viria a falar que a fragilidade de um dos três Poderes da nossa República é notória - a dos Parlamentos - nesta Nova República. Ontem eu acompanhei todos os discursos, toda a votação, Ver. Antonio Dib, e quero dizer que todos os Partidos, com exceção do PT, afirmaram que o Decreto-Lei era menos nocivo do que a Medida Provisória, que hoje se impõe como uma ditadura na administração do País. Penso que Antonio Carlos Magalhães, do Partido da Frente Liberal, na sua caminhada, teve dois momentos de extrema felicidade política. O primeiro quando ele propôs a Lei do Fundo de Combate à Miséria do Brasil, que hoje nada mais é do que o Projeto do Fome Zero com outra estampa, esse foi um Projeto do Senador; o segundo agora, quando ele propõe uma nova roupagem ao encaminhamento das Medidas Provisórias. Com isso aprovado, haverá um sopro de liberdade, de autenticidade ao Parlamento - ao Senado e à Câmara -; com isso, nós, Vereadores, sentimos também, no encaminhamento dos nossos Projetos, que tudo poderá ter vício de origem.

O Projeto aprovado ontem pelo Senado obteve sessenta e cinco votos a favor, um contra e uma abstenção. A Medida Provisória de S. Exª o Presidente da República terá de passar, antes de entrar em vigor, pela Comissão de Justiça do Senado durante três dias úteis, para ver se a matéria realmente é urgente e de relevância. Se ela não for votada na Comissão, o Plenário tem mais três dias. Se o prazo esgotar, imediatamente a Medida Provisória se transformará em Projeto de Lei e terá a tramitação como se Projeto fosse. Eu tenho certeza de que o Brasil estava precisando de uma sacudida de liberdade, de autenticidade. Gostei muito de todos os discursos de todas as Lideranças, que se irmanaram, ontem, no Senado Federal para apoiar e para aprovar essa tramitação das Medidas Provisórias, democratizando mais, com certeza, as nossas instituições, dando um equilíbrio a mais ao poder dos três Poderes - Legislativo, Judiciário e Executivo -, porque nós estávamos precisando e porque o Parlamento tem de assumir as suas responsabilidades na equivalência dos três Poderes. Da maneira como estava acontecendo, nós tínhamos um ditadura imposta por Medidas Provisórias, tínhamos a vontade de uma pessoa só, que ditava e indicava as normas.

Outra coisa importante é que também se acaba com a ciranda das Medidas Provisórias para legislar sobre impostos e receitas; as Medidas Provisórias agora somente poderão ser apresentadas para reduzir impostos; para aumentá-los - se a matéria for aprovada -, esse recurso não poderá mais ser utilizado. Eu acredito que nesses embates da democracia... É por isso que eu amo a democracia, eu luto por ela, eu disse, quando aqui cheguei, que, se nada mais eu pudesse fazer, eu me sentiria feliz se pudesse contribuir para solidificarmos a democracia da Nova República. E ontem eu vi um sopro de autenticidade, de liberdade, de poder respirar fundo, porque vejo que a nossa instituição democrática - o Legislativo -, as nossas Câmaras não estão adormecidas.

Parabéns ao Senado, parabéns ao Senador Antonio Carlos Magalhães pela proposição. Eu penso que é nessa linha que nós temos de nos irmanar, todos, ou seja, na valorização da responsabilidade que cada um obteve no beneplácito do voto do nosso povo. Presidente, muito obrigado por estes meus dois pronunciamentos. Se esses dois Projetos realmente seguirem a sua linha intencional, eu acredito num País um pouco mais feliz. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado.

Ver. Márcio Bins Ely, Ver. Ervino Besson, Ver. João Dib e Ver. Ismael, nós entraríamos na Ordem do Dia, mas, devido à falta de quórum, está encerrada esta Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h09min.)

 

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